24 de nov. de 2011

A Liturgia das Horas



A oração pública e comum do povo de Deus é considerada com razão entre as principais funções da Igreja. Nos primórdios, já os batizados eram "perseverantes em ouvir o ensinamento dos apóstolos, na comunhão fraterna, na fração do pão e nas orações" (At. 2,42). Várias vezes os Atos dos Apóstolos atestam que a comunidade cristã orava em comum.


Os documentos da Igreja primitiva também testemunham que os fiéis, cada um em particular, se entregavam à oração em determinadas horas. Assim, muito cedo prevaleceu, em diversas regiões, o costume de reservar para a prece comum tempos fixos, como a última hora do dia, ao anoitecer, quando se acendiam as luzes, ou a primeira, quando, saindo o sol, a noite finda. Com o decorrer do tempo chegaram a santificar com uma prece também as demais horas, que os Padres viam insinuadas nos Atos dos Apóstolos. Aí, de fato, aparecem os discípulos reunidos às nove horas (At. 2,1-15). O príncipe dos Apóstolos “subiu ao terraço para orar pelas doze horas (At 10,9)”. "Pedro e João subiam ao templo à hora da oração, às quinze horas" (At. 3,1). "Por volta da meia-noite, Paulo e Silas, em oração louvavam a Deus" (At. 16,5).


Essas orações, celebradas em comum, foram pouco a pouco aperfeiçoadas e organizadas como o ciclo completo das Horas. Enriquecida com leituras, essa Liturgia das Horas ou Ofício Divino, é antes de tudo oração de louvor e petição e é oração da Igreja com Cristo e a Cristo.


A Liturgia das Horas desenvolveu-se pouco a pouco, até se tornar a oração da Igreja local, onde veio a ser, em tempos e lugares estabelecidos, sob a presidência do sacerdote, como que complemento necessário a todo culto divino, que se encerra no Sacrifício eucarístico e que devia ter repercussão e estender-se a toda as horas da vida humana.


Tendo sido aumentado gradualmente, no correr dos tempos, o livro do Ofício divino (outro nome de Liturgia das Horas) tornou-se instrumento adequado para a ação sagrada a que se destina. Todavia, em várias épocas foram introduzidas modificações notáveis no modo de celebrar as Horas, contando-se entre estas modificações a celebração individual. Por isto não é de se admirar que o próprio livro, denominado Breviário, se tenha adaptado às várias formas, que exigiam muitas vezes composição diversa.


Com o Concílio Vaticano II foram feitas reformas também na Liturgia das Horas, até chegar à forma que hoje temos.


Sendo a oração de todo Povo de Deus, o Ofício foi disposto e preparado de tal maneira que nele possam tomar parte não apenas os clérigos, mas também os religiosos e os leigos. A celebração pode adaptar-se às diversas comunidades que celebram a Liturgia das Horas, segundo sua condição e vocação.


A Liturgia das Horas é uma santificação do dia. Por isso, renovou-se a ordem da oração, de tal modo que as Horas canônicas (Laudes, Terça, Média, Noa, Vésperas e Completas) possam mais facilmente adaptar-se às várias horas do dia, considerando as condições em que transcorre a vida humana em nosso tempo. Deu-se maior importância às Laudes (Manhã) e Vésperas (Tarde), partes principais de todo o Ofício.


De acordo com as normas dadas pelo Concílio, o Saltério distribui-se em quatro semanas. Para aumentar-lhe a riqueza espiritual, foram acrescentados às Laudes outros cânticos, tirados de livros do Antigo Testamento, enquanto que alguns cânticos do Novo Testamento, como pérolas preciosas, se introduziram nas Vésperas.


Nas Laudes foram acrescentadas as Preces, com as quais se quer consagrar o dia e se fazem as invocações para o início do trabalho cotidiano. Nas Vésperas se faz uma breve oração de súplica, estruturada como a oração universal. No final das Preces se introduziu a Oração do Senhor. Assim, considerando que é rezada também na Missa, se restabelece, em nosso tempo, o uso da Igreja antiga de rezar essa Oração três vezes ao dia.


A celebração da Liturgia das Horas, quando particularmente por esse motivo a Igreja se reúne, manifesta a verdadeira natureza da Igreja orante, da qual se revela como sinal maravilhoso.


Há pessoas (os ministros ordenados e os religiosos) que receberam da Igreja o mandato de celebrar a Liturgia das Horas. Estas devem cumprir seu dever todos os dias rigorosamente, com a recitação integral, fazendo coincidir, na medida do possível, com o verdadeiro momento de cada uma das Horas. Além disso, devem dar-se devida importância, sobretudo às Laudes e Vésperas. Estas pessoas não se sintam impelidas unicamente por uma lei a cumprir, mas antes pela reconhecida importância intrínseca da oração e pela sua utilidade pastoral e ascética.


A Liturgia das Horas estende pelas diversas horas do dia os louvores e ações de graças, como também a memória dos mistérios da salvação, as petições e aquele antegozo da glória celeste contidos no mistério eucarístico, "centro e ápice de toda a vida da comunidade cristã".


A própria celebração da Eucaristia tem por sua vez, na Liturgia das Horas, a sua melhor preparação; porquanto esta desperta e alimenta da melhor maneira as disposições necessárias para celebrar com proveito a Eucaristia, quais são a fé, a esperança, a caridade, a devoção e o espírito de sacrifício.



Estrutura das Horas


Laudes (Oração da manhã)

· Invitatório: V. Abri, meus lábios ó Senhor. R. E minha boca anunciará vosso louvor. V. Glória ao Pai... R.
· Salmo Invitatório (geralmente o 94, mas pode ser também o 23, o 66 ou o 99).
· Hino: um para cada dia, exceto em tempos fortes (quando o hino é próprio).
· Salmodia: dois Salmos intercalados por um Cântico do AT.
· Leitura Breve
· Responsório breve
· Cântico Evangélico: Benedictus
· Preces
· Pai Nosso
· Oração final


Horas Intermediárias (Nove, Doze, Quinze)

· Introdução: V. Vinde ó Deus em meu auxílio. R. E minha boca proclamará vosso louvor. V. Glória... R.
· Hino (fixo para cada hora)
· Salmodia: Três Salmos ou um menor e outro maior dividido em duas partes
· Leitura breve
· Responsório breve
· Oração final


Vésperas (Oração da Tarde)

· Introdução: V. Vinde ó Deus em meu auxílio. R. E minha boca proclamará vosso louvor. V. Glória... R.
· Hino: um para cada dia, exceto em tempos fortes (quando o hino é próprio).
· Salmodia: dois Salmos seguidos de um Cântico do NT.
· Leitura Breve
· Responsório breve
· Cântico Evangélico: Magnificat
· Preces
· Pai Nosso
· Oração final


Completas (antes do repouso da noite)

· Introdução: Vinde ó Deus...
· Hino: fixo
· Salmodia: um Salmo ou dois
· Leitura breve
· Responsório breve (fixo)
· Cântico Evangélico: Nunc dimittis
· Oração final
· Antífona final a Nossa Senhora


Ofício das Leituras (sem hora marcada)

· Introdução: Vinde ó Deus...
· Hino
· Salmodia: geralmente um Salmo dividido em três partes
· Leitura Bíblica
· Responsório breve
· Leitura Hagiográfica (de um santo) ou Patristica (de um dos primeiros escritores da Igreja)
· Responsório breve.
· Oração final


Para entender um pouco melhor, assista:


Fonte:http://www.jesusbompastor.org.br/index.php?option=com_content&task=view&id=214&Itemid=93