Na
bíblia hebraica o ato de adoração exprime-se sobretudo pelo verbo histahawah
(curvar-se; inclinar-se profundamente). No grego correspondente a esse termo,
da versão dos LXX e do Novo Testamento, significa prostrar-se, beijando o chão;
venerar; adorar. Daí o termo proskynésis (oração). Diante do divino, do sagrado e sublime que
ele experimenta como sobre-humano, o homem se prostra: faz-se pequeno e
submete-se. No AT o único objeto da
adoração é Javé (Ex 20, 3.5; Dt 5, 9; Sl 86, 9; 95, 6). Segundo o Novo
Testamento o Pai procura quem o adore em espírito e verdade (Jo 4, 20-24; cf.
Mt 4, 9s; Apoc 4, 10; 7, 11, etc). Mas ao mesmo tempo exige-se adoração para o
Senhor glorificado (Fl 2, 10s; Hb 1,6; Apoc 5, 14; Mt 28, 9.17).
Justiça seja feita. Devemos “dar a Deus o que é de Deus” (Mt 22, 21c). E quando falamos em justiça, não queremos reduzir o termo a conceitos legalistas; falamos da justiça que vem do amor, pois só o amor dá sentido às coisas. “A adoração é o primeiro ato da virtude da religião. Adorar a Deus é reconhecê-lo como Deus, como o Criador e o Salvador, o Senhor e o Dono de tudo o que existe, o Amor infinito e misericordioso. ‘Adorarás o Senhor, teu Deus, e só a Ele prestarás culto’ (Lc 4, 8), diz Jesus, citando o Deuteronômio (6, 13).
Justiça seja feita. Devemos “dar a Deus o que é de Deus” (Mt 22, 21c). E quando falamos em justiça, não queremos reduzir o termo a conceitos legalistas; falamos da justiça que vem do amor, pois só o amor dá sentido às coisas. “A adoração é o primeiro ato da virtude da religião. Adorar a Deus é reconhecê-lo como Deus, como o Criador e o Salvador, o Senhor e o Dono de tudo o que existe, o Amor infinito e misericordioso. ‘Adorarás o Senhor, teu Deus, e só a Ele prestarás culto’ (Lc 4, 8), diz Jesus, citando o Deuteronômio (6, 13).
Adorar a Deus é, no respeito e na submissão absoluta, reconhecer “o nada da criatura”, que não existe a não ser por Deus. Adorar a Deus é, como Maria no Magnificat, louvá-lo, exaltá-lo e humilhar-se a si mesmo, confessando com gratidão que Ele fez grandes coisas e que Seu Nome é Santo. A adoração do Deus Único liberta o homem de se fechar em si mesmo, da escravidão do pecado e da idolatria do mundo”. (Catecismo da Igreja Católica, 2096).
Quem
adora a Deus O coloca como centro, fundamento e garantia de sua existência, e,
livremente, O adora em espírito e em verdade, na fé e na vida, sem relação
dicotômica entre estas, mas unidas e inseparáveis. O verdadeiro adorador é, não
obstante suas limitações (comuns a todos os homens), ciente de que nada nem
ninguém devem ocupar o lugar que é devido somente a Deus, e esse lugar é o
primeiro e principal, antes de tudo e todos. Por isso o adorador reconhece sua
realidade criatural e não se fecha em si mesmo; isso lhe ajuda a ser humilde
abrindo-se à ação de Deus em sua vida, buscando incessantemente Sua Face
amando-O e amando também o próximo.
“A adoração é a primeira atitude do homem
que se reconhece criatura diante do seu Criador. Exalta a grandeza do Senhor
que nos fez e a onipotência do Salvador que nos liberta do mal. É prosternação
do espírito diante do Rei da Glória e o silêncio respeitoso diante do Deus
“sempre maio”, como nos diz Santo Agostinho. A adoração do Deus três vezes
Santo e sumamente Amável nos enche de humildade e dá garantia a nossas
súplicas”. (Catecismo da Igreja
Católica, 2628).
Movidos
pelo Espírito todos nós devemos prestar a Deus um culto de adoração, por aquilo
que Ele é, por Ele mesmo. “Ao Senhor, teu Deus, adorarás e só a ele prestarás
culto” (Mt 4, 10). Para Ele se volta o nosso ser, n’Ele devemos crer e esperar
e a Ele amar. Como cristãos o nosso ato de adoração se dirige a Deus, Uno e
Trino. Adoramos igualmente ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. Na profissão
de Fé da Igreja, confessamos no Símbolo Niceno-Constantinopolitano, que
adoramos ao Deus que é Uno e Trino: “Creio no Espírito Santo, Senhor que dá a
vida [...] e com o Pai e o Filho é adorado
e glorificado [...]”.
Podemos adorar a Deus na nossa oração (pessoal e comunitária), nas boas obras e pequenos sacrifícios que fazemos e sofremos oferecendo-os a Ele, e sobretudo, por excelência, é o Sacrifício Eucarístico, um ato latrêutico (de adoração) o qual não nos dedicaremos a aprofundar agora. Na Missa oferecemos o culto perfeito de adoração que se dá ao Pai pelo Filho no Espírito, (a Trindade é adorada). Também adoramos Jesus Cristo que está presente real, verdadeira e substancialmente no Santíssimo Sacramento do altar. Por isso a presença do Senhor Sacramentado presente em tantas igrejas no mundo inteiro, nos convida a ir encontrá-lo para adorá-Lo, louvá-Lo e exaltá-Lo; e sem dúvida o Senhor não deixará de derramar sobre nós as Suas bençãos. A ele cantemos, mais também silenciemos e contemplemos, pois as palavras não são suficientes para exprimir essa sublime realidade da presença do Senhor em nosso meio. Mas tudo isso se dá na liberdade e no amor, pois quem muito ama muito dá, ou melhor, se dá; e quem pouco ama, pouco se dá. Amar é "doar-se sem medida”, como nos ensina a maior Santa dos tempos modernos e Doutora da Igreja: Teresinha do Menino Jesus.
Vivendo
no mundo pós-moderno, onde a cultura do ter e do “parecer ser” ocupam o que
deveria ser primordial (Deus) na vida do homem, é preciso resgatar na cultura e
na vida, a partir dos próprios cristãos, aquela atitude de amoroso
reconhecimento e adoração do Deus que é Amor. O homem continua criando para si
muitos deuses, substituindo o lugar único de Deus em sua vida. E quão peculiar é a vida de oração, onde
podemos adorar o Deus verdadeiro e saciar a nossa sede e a d”Ele, pois Santo Agostinho nos diz: “Deus tem sede de
que nós tenhamos sede d’Ele”. Nos ensina também São João da Cruz que ferida de
Amor não se cura senão com amor, e Jesus está ferido de amor por nós e nos espera.
A adoração, como pensam muitos, não nos
tira os pés do chão deixando-nos alienados das ocupações terrenas, ela nos
coloca em contato e intima união com Deus e abre-nos às realidades celestes e
terrenas, levando-nos a amar a Deus e ao próximo como exigência radical da
fidelidade ao Evangelho. Na sua Carta Apostólica Mane nobiscum Domine, somos chamados, pelo saudoso Papa João Paulo
II a recostar a cabeça sobre o peito de Jesus, em atitude amorosa de adoração
eucarística. É um desafio fomentar na vida dos fieis a importância da adoração
eucarística. Como falar disso nos tempos hodiernos? Diante da secularização,
globalização, fragmentação e relativismo, como testemunhar? Reflitamos!
“Quando se fala de Deus, fala-se de um ser
constante, imutável, sempre o mesmo, fiel, perfeitamente justo. Daí decorre que
nós devemos necessariamente aceitar suas palavras e ter nele uma fé e uma
confiança plenas. Ele é Todo-Poderoso, clemente, infinitamente inclinado a
fazer o bem. Quem poderia deixar de pôr nele todas as suas esperanças? E quem
poderia deixar de amá-lo, contemplando os tesouros de bondade e de ternura que
ele derramou sobre nós? Daí esta fórmula que Deus emprega na Sagrada Escritura,
quer no começo, quer no fim de seus preceitos: ‘Eu sou o Senhor’.” (Catecismo Romano, 3,2,4).
Ecoa em nossa
mente e coração o que disse Jesus: “Sem mim nada podeis fazer” (Jo 5, 5).
Prostremo-nos, então diante d’Ele, entreguemo-lhe a nossa vida e demos honra e
glória, louvor e gratidão, e peçamos-lhe que nos dê a sua graça e sua benção
“porque tudo é dele, por ele e para ele. A ele a glória pelos séculos. Amém!”
(Rm 11, 36).
Cláudio Amorim
Seminarista da
Arquidiocese da Paraíba