Cardeal Scherer: a graça da missão requer sempre evangelizadores novos
SÃO PAULO, quinta-feira, 9 de junho de 2011 (ZENIT.org) - “Na história bimilenar da Igreja, já houve outros momentos em que a vida cristã passou por crises, por diversos fatores, e foi preciso fazer algo semelhante ao que a Igreja se propõe a realizar hoje” por meio da nova evangelização.
O cardeal Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo, faz esse comentário em artigo publicado na edição desta semana do jornal O São Paulo. O arcebispo acaba de retornar da reunião plenária do Conselho Pontifício para a Promoção da Nova Evangelização, em Roma.
Dom Odilo explica que nos séculos 7º e 8º, “foi necessário que o papa chamasse missionários da Irlanda e da Inglaterra, sobretudo monges, para evangelizar novamente a Europa continental".
“A partir do século 13, na Idade Média, algo semelhante aconteceu com as tentativas de ‘reforma’ da Igreja e o surgimento das ordens mendicantes, especialmente dominicanos e franciscanos, que iniciaram um fecundo movimento de missões populares.”
“Não foi diferente depois do Concílio de Trento, no século 16, quando um grande esforço de renovação da Igreja deu origem a uma renovação dinâmica, com o surgimento de novas ordens e institutos missionários, a reforma dos seminários e da formação do clero, dos religiosos e dos leigos.”
Dom Odilo assinala também que, no século 19, “após a grave crise desencadeada pelo Iluminismo e o Modernismo, mas também pelas mudanças sociais e políticas da época, o Espírito Santo suscitou mais uma vez no seio da Igreja uma imensa ‘onda missionária’, com diversos desdobramentos para a renovação da vida cristã”.
“Vivemos no período pós-conciliar, do Vaticano II, cuja convocação está para completar 50 anos; o próprio Concílio já foi realizado sob o impulso de um ‘espírito de renovação’, para que a Igreja pudesse cumprir sua missão de maneira mais adequada às circunstâncias atuais.”
O arcebispo recorda que sempre se disse que foi um Concílio “pastoral”. “Talvez possamos reler hoje suas intenções e documentos sob uma nova ótica: um Concílio ‘missionário’, voltado a propor o bem da fé de forma renovada para o mundo”.
“Talvez ainda ficamos demasiadamente voltados para dentro da Igreja na interpretação dos textos conciliares, enquanto sua intenção era falar mais e melhor ao mundo e com o mundo sobre a Boa Nova. Muito leva a crer que estamos caminhando para isso”, afirma o cardeal Scherer.
A Igreja “existe para a missão e a graça da missão requer sempre evangelizadores novos, como afirmou o papa Bento XVI”.
“As grandes intuições do Concílio Vaticano II, longe de estarem esgotadas, precisam ser retomadas e, agora com mais serenidade, postas a produzir todo o seu fruto”, considera.
Segundo o arcebispo de São Paulo, “de fato, nesses 50 anos de pós-Concílio, já se podem constatar muitos frutos por ele produzidos”.
“Agora estamos em condições de perceber ainda melhor onde e como a renovação da vida cristã e eclesial deve acontecer, e como fazer frutificar cada uma das grandes intuições do Concílio, de forma missionária, como já vem acontecendo. Deus nos ajude! Os santos evangelizadores nos inspirem!”
Pax et Gaudium
Fonte: Zenit