22 de dez. de 2010

Filme católico entra em cartaz no Brasil


Em 2010, o espiritismo fez milagre nos cinemas brasileiros, levando milhões às salas de exibição. Primeiro veio “Chico Xavier”, de Daniel Filho, que atraiu cerca de 3,4 milhões de espectadores, depois, “Nosso lar”, de Wagner de Assis, que foi além com um público de mais de 4 milhões. Mas nesta sexta-feira (17), entra em cartaz o filme “Aparecida – O milagre”, uma espécie de “contra-ataque” católico nas telonas do país.
Leona Cavalli, Jonatas Faro e Murilo Rosa em cena de "Aparecida - o milagre" (Foto: Divulgação)

“Se há procura é porque o espectador está interessado. Acho que a realidade está muito chata, violenta e sem perspectivas de melhora. Prestar atenção ao universo espiritual faz bem para o coração e para a alma, por isso esse ‘boom’ nos cinemas, essa busca pelo conhecimento”, opina a diretora Tizuka Yamasaki (de “Xuxa e o mistério da Feiurinha”), que se declara “uma pessoa não muito religiosa”.

Tizuka acredita que a combinação de cinema e religião pode ser produtiva "independentemente da religião que seguimos", porém não é necessariamente uma receita para o sucesso. “Já tivemos alguns filmes com a temática católica que também levaram muitos seguidores aos cinemas, mas não da mesma forma como esses que abordam a doutrina espírita. Para mim, esse grande sucesso de bilheteria de ‘Chico Xavier’ e ‘Nosso lar’ tem uma razão simples: o desconhecido. O cristianismo é algo que, bem ou mal, faz parte da infância de grande parte da população brasileira.”


Drama familiar
Estrelado por Murilo Rosa e Maria Fernanda Cândido, “Aparecida” aposta em um drama familiar para abordar a história de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil. Na trama, Marcos (Rosa), um habitante de Aparecida, no interior de São Paulo, briga com a santa ainda criança, depois que seu pai morre ao cair de um andaime. O protagonista cresce e vira um empresário frio e distante da família, mas um acontecimento trágico faz com que ele reencontre sua fé.

"É uma história de conversão. Muita gente pode se identificar com essa busca de fé e com as transformações que a recuperação da fé provoca", afirma o ator, que acredita no sucesso de público do longa-metragem e se declara devoto de Nossa Senhora Aparecida.

Mas para a cineasta, existia também a preocupação de não limitar o público aos espectadores católicos. “A maior precaução foi não fazer um filme caricato ou distanciado intelectualmente, não podia frustrar o espectador católico. Por outro lado, também não gostaria de afastar os espectadores não religiosos, fazendo um filme doutrinário e chato”, afirma a diretora. “Quis fazer, antes de tudo, um filme que possa ser degustado por todos, católicos, espíritas, protestantes, entre outros. Pois, mais que uma história de religião, a produção fala de amor, de relacionamentos e isso faz parte do cotidiano de todos nós”, completa.

Apesar de não ser adepta do catolicismo, Tizuka afirma que as filmagens teriam contado com a proteção de Nossa Senhora. “Ela sinalizou que deveríamos fazer o filme, foi incrível”, conta a diretora. “Numa época de chuva intensa, olhávamos para o céu e víamos aquela tempestade se formando a caminho do set, porém, quando chegávamos ao local, todo o entorno estava debaixo de chuva, menos o local onde nos encontrávamos. Contando assim pode ser meio fantasioso, mas para todos da produção aquilo era, sim, um sinal.”